Ex-presidente e sete aliados são acusados de articular ruptura democrática após derrota eleitoral; julgamento pode definir rumos da democracia brasileira.
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete ex-integrantes de seu governo, acusados de planejar uma tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. A sessão, conduzida pela Primeira Turma da Corte, marca o início da fase final do processo que pode condenar Bolsonaro a até 43 anos de prisão.
A acusação, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), aponta a existência de uma organização criminosa com ramificações nas Forças Armadas e em setores do governo, que teria atuado para minar o Estado Democrático de Direito e anular o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Relator destaca gravidade do caso
O julgamento teve início às 9h, com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes. Em sua exposição, Moraes descreveu o conjunto de provas colhidas ao longo de dois anos de investigação, incluindo minutas de decretos de exceção, mensagens interceptadas, documentos confidenciais e depoimentos de delatores como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
“O que temos diante de nós é uma tentativa de ruptura institucional que se deu não apenas por palavras, mas por atos planejados, documentos assinados e estruturas acionadas”, afirmou o ministro relator.
Procuradoria fala em “plano tenebroso”
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez a sustentação oral da acusação. Ele classificou o plano golpista como “espantoso e tenebroso” e defendeu que as instituições democráticas devem reagir com firmeza.
“Não estamos diante de meros discursos antidemocráticos, mas de uma verdadeira conspiração para suprimir as garantias constitucionais, com uso indevido das Forças Armadas e da estrutura do Estado brasileiro”, declarou Gonet.
Defesa será ouvida na quarta-feira
A sessão foi encerrada por volta das 18h, e será retomada nesta quarta-feira (3), com a apresentação das sustentações orais das defesas dos réus. Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em Brasília, alegou problemas de saúde e não compareceu fisicamente ao STF.
A ordem das defesas começará com os advogados de Mauro Cid, seguido por Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto
Repercussão nacional e internacional
O julgamento tem atraído atenção global. O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, classificou o processo como uma “perseguição política” e impôs sanções econômicas e diplomáticas ao Brasil, incluindo tarifas sobre produtos de exportação e restrições a autoridades do Judiciário brasileiro.
No Brasil, movimentos sociais e grupos políticos acompanham com atenção o desenrolar do julgamento. Manifestações foram registradas em Brasília nas imediações da Praça dos Três Poderes, tanto em apoio quanto em repúdio ao ex-presidente.
Julgamento seguirá até 12 de setembro
A Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin, terá até o dia 12 de setembro para concluir a análise do caso. Os votos dos ministros serão proferidos em sessões subsequentes, após o encerramento das falas da defesa.
Se condenado, Jair Bolsonaro poderá enfrentar pena máxima de 43 anos de prisão. A defesa do ex-presidente nega qualquer envolvimento em tentativa de golpe e sustenta que o processo tem motivações políticas.
Redação – Central de Notícias 67.
02 de setembro de 2025
