O ex-governador Reinaldo Azambuja oficializa nos próximos dias a mudança de legenda: a filiação ao Partido Liberal (PL), antes anunciada para 12 de setembro, foi remarcada pelo diretório nacional para 21 de setembro de 2025, em cerimônia que deverá reunir lideranças nacionais e estaduais da sigla. A movimentação marca o fim de um ciclo de quase 30 anos do político no PSDB e acendeu debates sobre o futuro das articulações pró-eleição de 2026 em Mato Grosso do Sul.
Trajetória: de prefeito de cidade do interior a Governador do Estado.
Reinaldo Azambuja, nascido em Campo Grande em 1963, construiu carreira política sólida no estado: foi prefeito de Maracaju (1997–2004), deputado estadual e federal, e exerceu dois mandatos como governador de Mato Grosso do Sul, de 2015 a 2022. Com formação ligada ao setor do agronegócio e perfil reconhecido pela gestão pública estadual, Azambuja acumulou influência partidária que o transformou em referência política local ao longo das últimas décadas.
A saída do PSDB, partido ao qual esteve ligado por cerca de 30 anos, foi anunciada nas últimas semanas como parte de uma reorganização política que deverá colocá-lo em posição de liderança dentro do PL estadual. A decisão, segundo analistas locais, é estratégica e já é lida como preparação para o ciclo eleitoral de 2026.
O ato e quem estará lá.
O evento de filiação foi divulgado com a presença confirmada do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e do presidente estadual Aparecido (Tenente) Portela — nomes que reforçam o caráter nacional do ato e indicam apoio formal do comando da sigla à vinda de Azambuja. Além deles, o partido sinaliza que haverá outras lideranças e vereadores, prefeitos e deputados que podem acompanhar a migração em bloco, dependendo das negociações locais.
Repercussão dentro do PL: rachas e reclamações.
A filiação não ocorre sem ruído. Parte da base bolsonarista do PL em Mato Grosso do Sul reagiu com ceticismo e críticas públicas. O deputado estadual João Henrique Catan foi uma das vozes mais duras: ironizou o convite de filiação e afirmou que “não há clima de festa”, criticando o momento e dizendo que a manobra pode prejudicar candidaturas alinhadas à direita no estado. A reação de Catan é sintomática de um racha interno entre correligionários que veem na chegada do ex-tucano uma ameaça às candidaturas já incubadas na legenda.
Já o deputado federal Marcos (Pollon), outra liderança representativa do grupo bolsonarista em MS, também manifestou desconforto público sobre as articulações que aproximam o PL do PSDB — críticas que no passado geraram até disputas pela presidência estadual do partido. Apesar das críticas iniciais, fontes locais informam que Azambuja busca ativamente diálogo com Pollon e chegou a citar o nome do deputado como possível pré-candidato ao Senado, o que indica tentativa de conciliação dentro da nova aliança.
O que a chegada de Azambuja significa para 2026.
Analistas e atores locais interpretam a filiação como um reposicionamento estratégico do PL em Mato Grosso do Sul. Azambuja traz estrutura eleitoral e capilaridade — qualidades valiosas em vistas às eleições de 2026 — e, por isso, a cúpula nacional da sigla tem interesse em dar a ele espaço para construir chapas e definir candidaturas no estado. Ao mesmo tempo, a entrada de um cacique com trajetória moderada promete tensionar a base mais ortodoxa do partido, que defende manutenção de candidaturas próprias e perfil mais alinhado ao bolsonarismo tradicional.
Caminho à frente: negociação e testes
O desfecho do processo depende, agora, de dois vetores: a capacidade de Azambuja de costurar acordos dentro do PL e a resposta das lideranças que têm resistido à mudança. Se conseguir acomodar figuras como Pollon e neutralizar críticas como as de Catan, Azambuja poderá consolidar um PL reforçado e competitivo em 2026. Caso contrário, a filiação pode aprofundar divisões internas e abrir espaço para candidaturas alternativas no campo da direita.
Da Redação.
