Ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, investiga esquema que teria desviado mais de R$ 6 bilhões de aposentados e pensionistas com descontos ilegais.
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (9) uma nova fase da Operação “Sem Desconto”, que apura fraudes bilionárias em descontos indevidos aplicados sobre benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nesta etapa, foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em sete estados e no Distrito Federal, com ordens expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a corporação, a ofensiva tem como objetivo aprofundar a investigação sobre crimes de inserção de dados falsos em sistemas públicos, formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção e peculato. Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia e Distrito Federal.
As apurações revelam um esquema complexo, que teria movimentado mais de R$ 53 milhões em contas vinculadas a pessoas físicas e jurídicas suspeitas de envolvimento com as fraudes. O rombo total estimado no sistema, entre 2019 e 2024, ultrapassa R$ 6,3 bilhões, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), que atua em parceria com a PF.
Esquema de descontos indevidos
As investigações apontam que o golpe era realizado por meio de descontos não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas, cobrados por associações e entidades fictícias. Em muitos casos, os beneficiários sequer tinham conhecimento de que estavam sendo associados ou de que seus dados haviam sido utilizados.
Os suspeitos teriam contado com o apoio de servidores públicos e intermediários que facilitavam o registro dos descontos no sistema do INSS. Parte dos valores desviados era repassada a esses agentes por meio de empresas de fachada.
Personagens do caso.
Na fase anterior da operação, deflagrada em setembro, a PF prendeu Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, apontados como peças-chave na estrutura do esquema. Eles são investigados por operar a intermediação dos repasses e ocultar valores ilícitos.
Operação em expansão.
A Operação “Sem Desconto” foi iniciada em abril de 2025 e já soma centenas de mandados cumpridos em todo o país. Segundo a Polícia Federal, os elementos colhidos até o momento indicam a existência de um grupo organizado e estruturado, responsável por manipular dados no sistema de consignações do INSS com o objetivo de enriquecer ilicitamente.
A investigação segue sob sigilo e novas fases não estão descartadas. A Polícia Federal reforçou que a ação visa garantir a proteção dos beneficiários e a integridade dos recursos públicos, um dos maiores esquemas já identificados envolvendo o sistema previdenciário brasileiro.
Redação CN67.
