Serviços mantêm ritmo moderado e sustentam economia brasileira em agosto.

Brasil

Mesmo com juros altos, setor registra sétimo mês seguido de alta e renova recorde histórico.

O setor de serviços do Brasil voltou a crescer em agosto e atingiu um novo recorde histórico, mostrando força em meio à desaceleração econômica provocada pelos juros elevados. Dados divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam avanço de 0,1% no volume de serviços em relação a julho, registrando o sétimo mês consecutivo de crescimento.

Com esse desempenho, o segmento acumula alta de 2,6% desde o início do ciclo positivo, a maior sequência desde 2022. O resultado, embora modesto, confirma a resiliência do setor, responsável por mais de 70% do PIB brasileiro, e indica um ritmo de expansão mais contido após meses de forte desempenho.

“O resultado do mês indica uma acomodação no crescimento dos serviços, que tem sido o setor mais resiliente da economia”, avaliou André Valério, economista sênior do Inter. “Mesmo com o avanço disseminado, há um movimento de recomposição de perdas recentes.”

Na comparação com agosto do ano passado, o setor cresceu 2,5%, também em linha com as projeções do mercado.

Atividades em destaque

Entre os segmentos pesquisados, o destaque foi para serviços profissionais, administrativos e complementares, que avançaram 0,4%. O desempenho foi impulsionado por empresas ligadas a programas de fidelidade, cartões de desconto, atividades jurídicas e aluguel de máquinas e equipamentos.

Outras três categorias também registraram alta:

  • Transportes: +0,2%
  • Serviços prestados às famílias: +1,0%
  • Outros serviços: +0,6%

A única queda veio de informação e comunicação (-0,5%), puxada por reduções em serviços de TI, suporte técnico e distribuição cinematográfica. Segundo o IBGE, o recuo no cinema se explica por uma base elevada de comparação em julho, mês de férias escolares.

Turismo reage após quedas seguidas

Após três meses de retração, o índice de atividades turísticas cresceu 0,8% em agosto. O setor ainda está 2% abaixo do pico registrado em dezembro de 2024, mas mostra sinais de recuperação.

“Havia uma pressão do aumento de preços das passagens aéreas, o que reduziu o volume do transporte aéreo em junho e julho. Essa alta de agosto reflete uma base de comparação mais baixa”, explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

Panorama econômico

O bom desempenho dos serviços ocorre apesar do cenário de política monetária contracionista, com a taxa Selic mantida em 15%. O mercado de trabalho aquecido e medidas de estímulo à demanda têm ajudado a sustentar o consumo e a atividade do setor.

De acordo com o IBGE, ainda não há sinais de impacto do “tarifaço” dos Estados Unidos — medida que entrou em vigor em agosto e poderia afetar exportações e custos de empresas brasileiras.

Redação CN67

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