“Não queremos guerra”, diz Maduro após Trump autorizar operações da CIA na Venezuela.

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Presidente venezuelano acusa os Estados Unidos de escalada militar e denuncia que 1.200 mísseis americanos estariam apontados para o país; Washington justifica ação como combate ao narcotráfico.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira (15) que o país “não quer guerra”, após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump confirmar ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas em território venezuelano. A medida, segundo Trump, faz parte de um plano para “desmantelar redes de narcotráfico” que, de acordo com ele, operam a partir da Venezuela.

“Não queremos guerra, mas estamos preparados para defender nossa pátria se formos atacados”, declarou Maduro em pronunciamento transmitido pela televisão estatal. O líder venezuelano acusou Washington de promover uma “escalada de ameaças e agressões” e afirmou que 1.200 mísseis norte-americanos estariam apontados para a Venezuela.

A declaração de Maduro ocorreu um dia depois de Trump confirmar, em entrevista, que autorizou a CIA a realizar ações encobertas no país. O ex-presidente disse ainda que os Estados Unidos estão “avaliando expandir operações por terra”, alegando que o controle marítimo sobre embarcações usadas por traficantes já estaria “eficaz”.

Nos últimos meses, as forças norte-americanas realizaram ataques a barcos suspeitos de tráfico de drogas no mar do Caribe, resultando em mortes. Apesar das declarações, o governo dos EUA não apresentou provas públicas que vinculem diretamente o governo venezuelano ao narcotráfico. Trump também voltou a acusar Maduro de liberar presos e pessoas com transtornos mentais para migrarem aos EUA — afirmação igualmente sem comprovação.

O governo dos Estados Unidos oferece recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 280 milhões) por informações que levem à prisão de Maduro, sob acusações de envolvimento em “narcoterrorismo”. Caracas nega as acusações e classifica a ofensiva americana como parte de uma tentativa de “desestabilização e ingerência imperialista”.

O ministro venezuelano Diosdado Cabello, um dos principais aliados de Maduro, também se pronunciou, dizendo que o país deve “estar preparado para resistir a qualquer agressão estrangeira”. Segundo ele, “não se trata de chamar guerra, mas de estar prontos para a defesa”.

Em setembro, Maduro chegou a propor conversas diretas com o enviado especial dos EUA, Richard Grenell, buscando reduzir tensões e estabelecer “relações pacíficas baseadas em respeito e verdade”. Até o momento, não há indicação de avanços concretos nesse diálogo.

Análise
A autorização de Trump para operações da CIA representa uma escalada significativa na pressão contra o regime de Maduro, e reacende temores de um conflito militar direto entre Washington e Caracas. Analistas alertam que uma ação no território venezuelano sem aval internacional violaria princípios da soberania nacional e do direito internacional, além de ameaçar a estabilidade da região.

Com a economia ainda em crise e uma população fragilizada pela migração em massa, a Venezuela vive agora um novo capítulo de tensão geopolítica, em meio a um cenário que mistura retórica de guerra, pressão internacional e disputa política interna.

Redação CN67

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