FÁBIO TRAD, valorizar o legado do pai é cultivar democracia e justiça social.

Mato Grosso do sul

Fábio Trad, filho, irmão, marido, pai, advogado, professor e um exemplo político democrático. Aos 56 anos ele fez uma mudança política considerável, onde vangloria a democracia, escuta opiniões diversas, projeta sonhos e tem na alma um DNA forte, com voz e olhar social transbordando por oportunidade.

Quem é Fabio Trad?

R: Fábio Trad é advogado, professor universitário, 56 anos, sul-mato-grossense, que ama esse Estado. Uma pessoa que entende e concebe a política como um instrumento para promoção e justiça social. Não há sentido em fazer política a não ser para melhorar a vida das pessoas que mais necessitam. É uma pessoa reflexiva, contemplativa, mas também visceralmente da ação, execução e concretização. Uma pessoa que considera a família um alicerce para sua projeção social, moral, não discriminando as pessoas em virtude do que pensam em termos de afeto, religião e sobretudo na tarefa de fazer com que a sociedade seja plural, sem restringir espaços para que outras pessoas possam construir seu próprio caminho para felicidade, esse é o Fábio Trad.

Pai de 4 filhos, você vê em algum deles o DNA político do pai e da família Trad?

R: Tenho quatro filhos e um filho afetivo, meu enteado. Cuido dos cinco e vejo em cada um deles, digamos que parte de características, estilos do meu pai e da minha mãe, que também teve uma vocação para atividade pública, mas limitou-se a fazer na docência como professora. Os cinco me completam e essa diversidade de personalidade, estilo, enfoque na vida, me enriquece.

De 2007 a 2009 você foi Presidente da OAB/MS. Sempre foi vinculado na defesa real da justiça, integrando comissões na Câmara Federal em tal quesito. É mais difícil legislar ou advogar na área?

R: Advogar, porque você lida com expectativa dos clientes que muitas vezes não são atendidas porque a atuação do advogado é de meio e não de fim. Legislar é uma tarefa complexa, mas não tanto dramática como a lida diária na advocacia. Legislar tem sua dimensão magna, porque você recebe a delegação de pessoas que você não conhece, para escolher as palavras no lugar delas e isto é um máximo em termos de confiança, logo, justificar está confiança exige muita dedicação, estudo e honestidade de propósito.

Três vezes deputado federal, o que mais lhe agradou em representar o povo Sul-mato-grossense?

R: Foram nove anos de dedicação ao parlamento. Acredito no Poder Legislativo. O fato de a democracia parir na mesma legislatura águias e ratos, não pode desmerece-la, porque quem faz a democracia é o povo. Cabe ao povo na sua evolução histórica, corrigir rumos. Penso que, durante esse período, amadureci dentro do Legislativo, sabendo que são múltiplas as tendências, interesses e demandas. Para que haja uma aprovação de lei você não pode ter a pretensão de impor sua vontade, mas sim sensibilidade na escuta, empatia para sentir o lugar do outro, se é ou não justa a demanda, se atende ou não o interesse público e assim não ter nenhuma reserva de espirito para conversar com direita, extrema direita, esquerda, extrema esquerda, centro. Assim o produto final da atividade parlamentar é concretizado.

Nas eleições anteriores você disputou por partidos de centro direita. Como a esquerda, no caso o PT, adentrou em sua vida?

R: Digamos que ela estava como semente no meu espirito, faltava o ambiente adequado para ela florescer. Isso ocorreu com a ascensão ao poder da extrema direita, quando logo no início do governo Bolsonaro, eu estava no PSD, partido de centro. Ele passou a estimular manifestações de caráter fascistas e golpistas, com ostensiva demonstração de saudosismo pelo Golpe Militar. Naquele momento, antevi que não poderia ficar no Centro, porque no espectro político o Centro desapareceu, ou seja, hoje se é democrata ou está no fascismo. Então optei pelo PT, porque é o partido que tem mais voz unificada e melhor estrutura nacional para que suas ideias sejam repercutidas.

Em vídeo postado dias atrás, você citou seu pai e tudo que o mesmo passou no período da Ditadura. Os crimes cometidos contra o seu pai, em tal época, pesaram na decisão de ir para o PT?

R: Sim. Minha entrada no PT foi uma forma de reviver o meu pai de 1964, porque ele encarnou na ocasião o apego a democracia e repulsa ao autoritarismo. Hoje o partido que encarna e expressa esses valores democráticos é o PT. A tortura psicológica que meu pai sofreu, a violência política sobre ele com a cassação de seus direitos políticos, me fizeram evidentemente reencontrar a história que estava com sua ponta solta depois da redemocratização. Então seguirei o legado que ele deixou.

A democracia brasileira, após o julgamento do Bolsonaro e todo clã, dito pela mídia como clã do golpe, está mais segura ou há riscos ainda?

R: Há riscos, concretos, palpáveis e nos impõe a tarefa de vigiar constantemente a democracia que é um regime frágil. A democracia se não for a vigilância dos cidadãos, ela permanece frágil e essa fragilidade pode nos levar a períodos de ditadura e autoritarismo. A estética fascista, totalitário, repele divergência, então o risco é que a democracia seja vista como prejudicial as pessoas, fato que discordo, porque tenho absoluta certeza que a democracia é o único caminho para igualdade social. A extrema direita seduz com o discurso de higienização social, multiplicação de emprego com expulsão de imigrantes, prosperidade perdida desde a década de 70, como está acontecendo nos Estados Unidos, Polônia, Áustria. A democracia precisa entregar, Lula está fazendo isso no Brasil, pois, está preocupadíssimo com a democracia em concretizar benefícios à população. Todas as vezes que um governo progressista entrega benefícios para população pobre, a elite intitula ele de demagógico, eleitoreiro e gastador, mas quando os benefícios são para elite e as vezes por omissão, como renuncias fiscais, estes se calam e não falam mais sobre responsabilidade fiscal. Isso ficou explícito com o sepultamento do projeto de lei que financiaria de forma justa a isenção do Imposto de Renda, ocasião que a extrema direita veio com discurso traiçoeiro e fraudulento, falando de responsabilidade fiscal e aumento de impostos. A verdade é que Lula propôs um recalibramento justo onde a elite realmente pagaria o que deve pagar.

Numa futura candidatura, a desigualdade social será uma de suas bandeiras?

R: As três primeiras. Primeiro, combate a injustiça social. Segundo, combate à desigualdade social, como pobreza e miséria. Terceiro, fazer isso sem afortunar o sujeito honesto que ganha seu sustento na atividade liberal ou mesmo no serviço público, porque hoje mais de 90% da população não ganha mais de três salários mínimos e meio. Hoje quem ganha mais de 10 mil reais no Brasil é um privilegiado, então é possível sim melhorar a qualidade de vida, dar dignidade as pessoas sem criminalizar riquezas honestas, mas distorções de bilionários que não pagam adequado imposto de renda, mesmo sendo competência da União, terá em somatório, nosso engajamento. Se tivermos o privilégio de protagonizarmos no Executivo de Mato Grosso do Sul, esses pontos serão bem trabalhados.

Atualmente temos Câmara e Senado Federal com a maioria pertencente a centro direita, direita e extrema direita. Como você analisa o cenário político para 2026? A esquerda terá um poder de alcance maior nas duas casas? Você crê que a situação atual é irreversível ou que a esquerda ganhará um pouco mais de campo, mas dependerá de acordo para aprovação de projetos específicos?

R: Excelente pergunta. Essa perspectiva se concretizará a depender de como o Presidente Lula chegará às vésperas das eleições. Se o Governo estiver de vento em popa, como os fatores econômicos atuais indicam, creio, comprometido com o realismo, que haverá um aumento de espaço nas duas casas. Sendo essa a única esperança para aumentarmos nosso espaço, mas isso não significa dizer que haverá uma redução brutal da extrema direita. Eles se escondem na linguagem de campo conservador, porque querem se aproximar do afeto religioso, que eles reputam sacrossantos e que são imutáveis, mas por traz dessa ideologia conservadora, está a boca faminta e voraz do capitalismo que quer continuar explorando os pobres. Muitos explorados verbalizam o termo conservador, sem saber que estão sendo explorados por essa ideologia.

Se hoje você pudesse escolher um Brasil melhor e talvez utópico, como seria?

R: Vou responder dizendo como não seria. Não seria um país onde 5 bilionários detenham o mesmo volume de recursos que metade da população mais pobre, como hoje temos. Não seria um país em que o trabalhador que ganha até cinco salários mínimos, pague mais impostos que um bilionário. Não seria um país com uma concentração de propriedade rural tão grande e improdutiva como nós assistimos, porque tem tantos brasileiros que querem produzir para baratear alimentos e não tem acesso a terras improdutivas. Não seria um país racista, homofóbico, que mata mulheres, que discrimina as pessoas pela origem, pelo credo. Não seria um país apenas de tolerância, porque a tolerância da entender que você só tolera, mas não estima. Seria um país em que a missão maior, fosse realmente, já que estamos falando em Utopia, que todos se amassem, todos se respeitassem primeiro e que na sequência todos se amassem, não por tolerância, mas por querer bem ao próximo. Se conseguirmos ao menos vislumbrar esse horizonte, já me sentirei num patamar civilizatório mais elevado. Quem tem um coração minimamente comprometido com o Maior de todos, deve recusar essa estrutura social. Hoje está tão fácil e tão claro optar, porque é nítido quem prefere poupar o rico do que o pobre. A minha utopia é que o Brasil seja um país que ame sua população, ame sua sociedade, ame um ao outro.

Júnior Borges.

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