Medida aprovada por unanimidade na Câmara amplia isenção para quem ganha até R$ 5 mil e se consolida como um dos principais trunfos do governo Lula; proposta aguarda votação no Senado.
A reforma do Imposto de Renda, uma das principais bandeiras do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou novo impulso político e popular após ser aprovada por unanimidade na Câmara dos Deputados. O texto, que amplia a faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais, segue agora para votação no Senado e tem se tornado um dos pilares de sustentação do governo junto à classe média e aos trabalhadores formais.
A proposta, enviada pelo Executivo, foi aprovada com 493 votos favoráveis e nenhum contrário — um raro consenso entre as bancadas governistas e de oposição. A medida faz parte do esforço do governo em corrigir distorções históricas do sistema tributário e aumentar a progressividade da arrecadação, reduzindo o peso sobre os mais pobres e de classe média.
Com a nova regra, quem ganha até R$ 5 mil ficará isento do pagamento do imposto, enquanto rendas entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terão desconto progressivo. Já as altas rendas, acima de R$ 50 mil por mês, passarão a ter um imposto mínimo de 10%. Além disso, haverá retenção de 10% sobre dividendos e remessas ao exterior, mecanismo que ajudará a compensar parte da perda estimada de R$ 25,8 bilhões na arrecadação federal.
O projeto também prevê que a nova faixa de isenção seja aplicada ao 13º salário, ampliando o alcance do benefício. Caso seja aprovada pelo Senado, a medida deve entrar em vigor em janeiro de 2026.
Popularidade em alta.
De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada em outubro, 79% dos brasileiros apoiam a ampliação da isenção do IR, e 68% já conhecem a proposta, um aumento expressivo em relação a levantamentos anteriores. O avanço da reforma também tem refletido positivamente na avaliação do governo Lula, cuja aprovação subiu para 48%, o maior índice desde o início do ano.
Analistas veem na proposta uma combinação de justiça fiscal e cálculo político. Ao aliviar o bolso de quem ganha menos e tributar rendas mais altas e dividendos, o governo busca reforçar o discurso de equidade social, ao mesmo tempo em que amplia o diálogo com o Congresso e com setores da economia formal.
Símbolo de um novo ciclo.
Para o Palácio do Planalto, a reforma simboliza a consolidação de uma agenda social e econômica equilibrada, marca que Lula pretende imprimir em seu terceiro mandato. Ao lado de programas como o Novo PAC e a valorização do salário mínimo, o novo Imposto de Renda é tratado como peça central na narrativa de reconstrução do poder de compra e da renda das famílias.
Enquanto o texto aguarda votação no Senado, o governo já articula para garantir que a proposta não sofra alterações que atrasem sua implementação. “É um passo fundamental para devolver justiça ao sistema tributário e aliviar a vida do trabalhador”, declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Se aprovado, o projeto promete não apenas mudar o bolso do brasileiro, mas também reconfigurar o cenário político de 2026, tornando-se um dos legados mais visíveis do Lula 3.
Redação CN67.
