O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta quinta-feira (30) que convidou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para visitar o estado e acompanhar de perto o trabalho das forças de segurança após a operação mais letal da história fluminense.
Durante reunião com representantes do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, Castro disse que Moraes prometeu visitar o Rio até o fim da próxima semana para supervisionar as ações de combate ao crime organizado.
A megaoperação, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, deixou 119 mortos, segundo balanços oficiais, e desencadeou uma série de questionamentos de entidades de direitos humanos e de órgãos de controle. O episódio reacendeu o debate sobre letalidade policial e o cumprimento das diretrizes fixadas pelo STF para operações em comunidades.
O ministro Alexandre de Moraes, que atualmente é o relator da ADPF 635 — conhecida como “ADPF das Favelas”, processo que estabelece limites à atuação das polícias estaduais no Rio —, determinou que o governador preste esclarecimentos detalhados sobre a ação.
Na decisão, Moraes exigiu informações sobre número de mortos e feridos, efetivo empregado, tipos de armamento utilizados, uso de câmeras corporais e medidas de proteção de direitos humanos. O ministro também pediu dados sobre a preservação dos locais para perícia e eventuais falhas de comando.
Castro tem defendido a operação, classificando-a como um “sucesso contra o narcoterrorismo”, e afirma que o estado está em “guerra contra o crime organizado”. Já Moraes, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança de São Paulo, avalia se houve excesso ou má condução das forças policiais durante a ação.
O Rio de Janeiro segue sob tutela do STF em relação à política de segurança pública, em função da ADPF 635, e as decisões sobre o tema estão concentradas nas mãos de Moraes. O ministro deve se reunir com autoridades fluminenses na próxima segunda-feira (3 de novembro), em Brasília, para tratar do caso.
A megaoperação e seus desdobramentos ocorrem em meio à pressão por mudanças estruturais na segurança do estado e ao aumento das cobranças por transparência e responsabilização após o episódio mais violento da história recente do Rio.
Redação CN67.
