Corpos perfilados em praça escancaram horror após operação mais letal da história do Rio

Brasil

Uma cena de guerra, dor e indignação tomou conta do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (29). Moradores, em um gesto de desespero e protesto, levaram dezenas de corpos até a Praça São Lucas, onde foram dispostos lado a lado, cobertos por lençóis e sacos plásticos. Segundo relatos locais, pelo menos 54 cadáveres foram retirados da região de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia — palco dos confrontos mais violentos da megaoperação policial que deixou 64 mortos e 81 presos, a mais letal da história do estado.

Os corpos, carregados em carrinhos de mão, motocicletas e até em lençóis, foram deixados na praça para reconhecimento por familiares. O cenário, descrito por testemunhas como “um campo de extermínio”, expôs a dimensão da tragédia. Entre os mortos, segundo moradores, haveria jovens que não portavam armas e trabalhadores que voltavam para casa no momento da operação.

A ação, deflagrada na madrugada de segunda-feira (28), reuniu cerca de 2,5 mil agentes das polícias Militar e Civil com o objetivo de desarticular a facção Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão. Helicópteros, blindados e tropas de elite tomaram as ruas e acessos das favelas, transformando a região em uma zona de guerra. Tiros foram ouvidos durante horas, e diversas escolas e postos de saúde suspenderam o atendimento.

Com o amanhecer, as ruas ficaram tomadas por estilhaços, veículos queimados e famílias em busca de desaparecidos. “A gente não tem morgue, não tem polícia para ajudar. A única forma de saber quem morreu foi trazer pra praça”, disse um morador à imprensa. A cena se espalhou rapidamente pelas redes sociais, gerando comoção e revolta em todo o país.

O governo estadual afirma que a operação foi necessária para conter o avanço de uma das maiores facções criminosas do país e que todos os mortos eram suspeitos de envolvimento com o tráfico. Já organizações de direitos humanos e moradores denunciam execuções sumárias e abusos cometidos por agentes de segurança, cobrando investigações independentes.

Com 64 mortes confirmadas, a operação supera o número registrado no Jacarezinho, em 2021, e entra para a história como o episódio mais letal já registrado em ações policiais no Rio de Janeiro. Enquanto as autoridades tentam justificar o resultado da operação, a imagem dos corpos perfilados em praça pública permanece como símbolo da brutalidade e da falência das políticas de segurança no estado.

Redação CN67.

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