Petrobras recebe licença para perfurar poço na Foz do Amazonas após cinco anos de impasse ambiental.

Brasil

A Petrobras obteve nesta segunda-feira (20) a licença do Ibama para perfurar um poço exploratório na bacia da Foz do Amazonas, marcando o fim de um impasse que se arrastava há mais de cinco anos entre as alas ambiental e energética do governo federal. A autorização permite à estatal iniciar imediatamente os trabalhos de prospecção na chamada Margem Equatorial, área considerada estratégica para o futuro da produção de petróleo no Brasil.

O poço será perfurado no bloco FZA-M-59, localizado a cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas, em alto-mar. Segundo a Petrobras, a operação será feita em aproximadamente cinco meses e tem caráter exploratório, ou seja, sem extração imediata de petróleo. O objetivo é avaliar se há reservas em escala comercial e coletar dados geológicos e sísmicos da região.

A licença foi concedida após uma série de exigências do Ibama, incluindo planos de emergência, testes de resposta a vazamentos e estudos de impacto ambiental. Em 2023, o mesmo órgão havia negado a autorização alegando falhas nos procedimentos de segurança e lacunas em análises sobre fauna marinha e comunidades costeiras. Desta vez, a estatal apresentou ajustes e garantias adicionais para a operação.

A região da Foz do Amazonas é considerada ambientalmente sensível, com ecossistemas únicos que incluem recifes, manguezais e áreas de pesca tradicional. Por isso, a decisão vem gerando forte reação de organizações ambientais e de movimentos indígenas, que alertam para o risco de acidentes e criticam o avanço da exploração de combustíveis fósseis em uma área próxima à Amazônia — especialmente às vésperas da COP30, conferência do clima que será sediada em Belém, em 2026.

Apesar das críticas, o governo e a Petrobras defendem que a perfuração é segura e essencial para garantir a autossuficiência energética e o desenvolvimento regional. A estatal aposta que a Margem Equatorial pode repetir o sucesso exploratório da vizinha Guiana, onde foram descobertas grandes reservas de petróleo nos últimos anos.

Com a licença liberada, a Petrobras deve iniciar ainda nesta semana a mobilização do navio-sonda que realizará a perfuração. Caso os resultados indiquem potencial comercial, a empresa poderá solicitar novas autorizações para avançar às fases seguintes do projeto.

Redação CN67.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *