O Brasil registrou um leve, mas preocupante aumento no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Dados mais recentes da Pnad Contínua/IBGE apontam que, em 2024, 1,65 milhão de jovens de 5 a 17 anos estavam trabalhando, o que representa 4,3% dessa população. O número é 2,1% maior do que em 2023, quando eram cerca de 1,62 milhão.
Embora o país tenha apresentado queda no total de casos nos últimos oito anos — em 2016 eram mais de 2,1 milhões — a alta entre 2023 e 2024 acende um alerta, especialmente porque o Brasil assumiu o compromisso de eliminar todas as formas de trabalho infantil até 2025, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Perfil dos trabalhadores mirins.
O levantamento mostra que os meninos são maioria: quase 1,1 milhão estavam em situação de trabalho infantil em 2024, uma alta de 5,4% em relação ao ano anterior. Já entre as meninas, houve queda de 3,9%, totalizando aproximadamente 561 mil.
A faixa etária mais afetada é a de 16 a 17 anos, que concentra 915 mil casos, mais da metade do total (55,5%). Entre 5 e 13 anos, foram contabilizados 372 mil, e outros 363 mil estavam na faixa de 14 a 15 anos.
Diferenças regionais
O Nordeste lidera em números absolutos, com cerca de 547 mil casos, seguido pelo Sudeste e Sul. O aumento mais expressivo ocorreu justamente no Sul, que registrou alta de 13,6%, e no Nordeste, com 7,3%. O Norte foi a única região com redução, de 12,1%.
Atividades de risco.
Apesar do crescimento no número total, houve queda nas chamadas piores formas de trabalho infantil — atividades perigosas, insalubres ou degradantes — que somaram 560 mil casos em 2024, o menor valor já registrado na série histórica. A redução foi de 5,1% em relação a 2023.
Desafio para o Brasil.
A redução do trabalho infantil vinha sendo uma conquista constante desde 2016, mas a reversão recente preocupa especialistas e autoridades. A manutenção dessa tendência pode comprometer o cumprimento da meta internacional de erradicação até o próximo ano.
“O trabalho precoce compromete a saúde, a educação e perpetua o ciclo da pobreza. É fundamental fortalecer políticas públicas de prevenção, fiscalização e inclusão social”, alertam entidades ligadas ao combate ao trabalho infantil.
Da Redação.
